O Rio Grande do Norte definiu a data em que o uso de máscaras deixará de ser obrigatório em ambientes abertos: 16 de março. A decisão foi confirmada na manhã desta terça-feira (8) pelo secretário de Saúde do Estado, Cipriano Maia. A liberação ocorre no momento em que o RN está com o menor índice de transmissibilidade da covid-19 desde o início da pandemia.
A medida foi tomada após reunião do comitê científico do Rio Grande do Norte, que se reuniu na noite desta segunda (7) e discutiu a situação da pandemia no Estado. O avanço da vacinação contra a Covid-19 e a queda no número de casos e óbitos nas últimas semanas foram fatores primordiais para a tomada da decisão. No RN, até a manhã desta terça-feira (08) eram 2.526.783 pessoas vacinadas com as duas doses, o equivalente a 79% da população potiguar. Com a primeira dose, esse número chega a 2.900.148, o que corresponde a 91%.
“O comitê analisou a situação epidemiológica do Estado, quanto ao indicador composto como a tendência de casos e óbitos e vivemos um cenário bastante confortável em que tivemos a descida da escalada de casos. Nesta fase da pandemia chegou ao pico máximo de casos, com 4 mil por dia e voltamos a ter um número de óbitos de 15 por dia. Felizmente esse cenário voltou a ficar sob controle. Temos três dias sem anúncios de óbitos, diminuição de casos abaixo de 100 casos e acreditamos que caminhamos para um curso endêmico da doença. A partir deste cenário, o comitê recomendou que a gente pode flexibilizar as medidas restritivas, não farmacológicas, para a condução da pandemia nos próximos meses”, disse Cipriano Maia.
O titular da Sesap informou que o decreto deverá ser publicado no próximo dia 15 de março. Questionado sobre o porquê da desobrigação do uso da máscara não poder ser aplicada já nos próximos dias, o secretário informou que “tivemos o Carnaval e temos esse tempo de observação da movimentação de casos. Mesmo não tendo uma previsibilidade de nova explosão de casos, o comitê considerou mais seguro observar esse comportamento até dias depois do carnaval para que possamos ter mais segurança. Nisso, o indicativo é de liberar as máscaras em ambientes externos a partir do dia 16 e com isso continuaremos monitorando e a partir da tendência que vai ser observada na sequência, vamos projetar num futuro próximo até a liberação dos ambientes internos, o que não é o caso agora”, acrescentou.
Na última segunda-feira (07), o Rio de Janeiro se tornou a primeira capital brasileira a liberar a obrigatoriedade da máscara por completo, tanto em locais abertos e fechados. Em outras capitais, como Belo Horizonte e Brasília, já há liberação para a não utilização da máscara ao ar livre.
O uso de máscaras no Rio Grande do Norte é obrigatório desde o dia 7 de maio de 2020. À época, o decreto assinado pela governadora Fátima Bezerra estipulava uma multa de R$ 50 mil em caso de descumprimento. Algumas cidades potiguares já haviam editado decretos municipais para obrigar a utilização de máscaras em situações específicas. Foi o caso de Natal, que desde 30 de abril obrigou o uso de máscaras em lojas e transportes públicos.Recomendações
Dentre as recomendações, estão a manutenção do passaporte vacinal, o estímulo à vacinação das crianças de 5 a 11 anos, busca ativa da população que está atrasada em relação à segunda e terceira doses ou que ainda não foi vacinada, além de tornar facultativo, a partir de 16 de março, o uso de máscara de proteção facial em ambientes abertos, mantendo a obrigatoriedade em espaços fechados ou espaços abertos com grandes aglomerações de pessoas. “O comitê analisou todo o cenário, com redução de casos e da procura por leitos, que possibilita o início da flexibilização do uso das máscaras. Mas devemos destacar que a exigência do passaporte vacinal continua, que precisamos avançar na vacinação, seja de pessoas que não foram convencidas da importância da vacinação, seja as pessoas que não procuraram os postos de saúde para tomar a terceira dose, seja os jovens, onde a gente também precisa aumentar essa cobertura”, diz o secretário de saúde Cipriano Maia.
Durante reunião do comitê, pontos importantes como a segurança da vacina, manutenção dos cuidados coletivos e a vigilância foram norteadores para as novas recomendações. “Precisamos ainda estar atentos às pessoas com sintomas respiratórios, que tem que ficar em isolamento, se sair para situações extremas, tem que usar máscara. Isso é responsabilidade, é cuidado com o outro, é cuidado com o coletivo. A gente quer que a população tenha consciência de que essa situação confortável precisa ser mantida. E para ser mantida, todos nós, autoridades, profissionais de saúde e população têm que manter essa atitude responsável de se proteger e proteger os outros”, disse o secretário de saúde.
As recomendações dadas pelos especialistas do Sesap são direcionadas a impedir que o cenário epidemiológico evolua para um quadro de piora. A campanha de vacinação contra a covid deve intensificar a quarta dose para os imunossuprimidos, além de começar a oferecê-la a idosos a partir de 60 anos. Ainda segundo o comitê, instituições de educação básica também podem estimular pais e responsáveis a vacinar seus filhos, implantando pontos de vacinação nas próprias dependências.
Outra recomendação do Sesap é a retomada de atividades remotas para todos os sintomáticos e pessoas do grupo de risco, como idosos, gestantes, imunossuprimidos etc. A promoção de testagem ampliada de todos os sintomáticos e testagem populacional estratifica também compõem orientações dos especialistas.
Sesap vai manter retaguarda em Natal e MossoróA melhora no cenário pandêmico no Rio Grande do Norte fez com que a Secretaria do Estado da Saúde Pública do RN (Sesap-RN) iniciasse, nas últimas semanas, a reversão dos leitos covid para leitos gerais. Os hospitais Giselda Trigueiro, em Natal, e o Rafael Fernandes, em Mossoró, serão a retaguarda macro regional para o atendimento à covid e síndromes gripais.
“Temos um planejamento regionalizado, um plano de contingência. Vamos manter leitos de isolamento em todos os nossos serviços para eventuais necessidades, porque mesmo num caso endêmico, você poderá ter pessoas que venha precisar de um suporte ventilatório. Os dois hospitais com vocação nas doenças infecciosas e parasitárias se manterão como referência”, aponta o secretário Cipriano Maia.
De acordo com o secretário Cipriano Maia, o reforço na rede pública do Estado feito em janeiro, momento em que a pandemia voltou a apresentar sinais de piores, a Sesap chegou a ter 182 leitos críticos.
“Deveremos deixar os leitos do Giselda e do Rafael Fernandes, tanto clínicos quanto críticos, e deveremos ter cerca de 100 leitos como retaguarda nas macrorregiões, além dos ,leitos de isolamento em cada hospital para assistência em síndrome respiratória aguda”, acrescentou.
Nesta terça-feira (08), a plataforma Regula RN, que acompanha e monitora em tempo real a situação assistencial do Rio Grande do Norte com relação à covid-19, registrava ocupação de 26,54% em leitos críticos e 17,25% em leitos clínicos.
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