Quando se fala na campanha eleitoral de 1960, em Natal, de imediato muitas pessoas pensam nas passeatas com pessoas carregando bandeiras e galhos de árvores pelas ruas da cidade, dia e noite.
Não falta, também, quem recorde uma música ou um fato da campanha de Aluízio Alves contra Djalma Marinho pela cadeira do governador Dinarte Mariz e de Djalma Maranhão a prefeito da capital contra o deputado Luiz de Barros.
“Mesmo quem não viveu aquela época ou nem tinha nascido, como é o meu caso, sabe que um dia houve uma campanha eleitoral tão inovadora que mudou para sempre o jeito de se conquistar o voto do eleitor potiguar”, observa o jornalista e pesquisador Ciro Pedroza.
Foi essa importância para a história do marketing político brasileiro que motivou a pesquisa de mestrado realizada por Ciro na Escola de Comunicação e Artes, da Universidade de São Paulo (USP), que agora virou livro.
“O Triunfo da Esperança: A Campanha de 60 em Natal/RN” tem ilustrações do artista plástico Flávio Freitas na capa e será lançado nesta quinta-feira (1), a partir das 16h, no Temis Clube Balcão Bar (sede social do América FC, avenida Rodrigues Alves, 950, Tirol). O preço é R$ 70,00.
Pioneirismo
Gaudêncio Torquato, consultor político e professor titular da USP, que fez parte da banca examinadora de mestrado de Ciro Pedroza, prefacia o livro.
“Foi no Rio Grande do Norte que o marketing político ganhou forma e conteúdo, abrindo o círculo da atividade no país. Aluízio foi o percursor do marketing contemporâneo”, conclui Gaudêncio.
Ao longo das 162 páginas, Ciro descreve os bastidores da campanha com base em rigorosa pesquisa bibliográfica, análise de documentos e jornais da época e entrevistas reveladoras com personagens importantes.
O jornalista ouviu o depoimento do próprio Aluízio Alves, de Eugênio Neto, Moacyr de Gois, Cassiano Arruda Câmara, da compositora Jacira Costa e de Pedro Alencar, responsável pelas pesquisas de opinião da campanha.
Ele também ouviu depoimentos de membros da Cruzada da Esperança, da campanha de Djalma Marinho e de Djalma Maranhão, como José Ribamar de Oliveira, uma espécie de lugar tenente do prefeito.
Um dos depoimentos mais reveladores na pesquisa foi o de Roberto Mariz, filho do então governador Dinarte Mariz. “Ele contou como ajudou ao ex-prefeito Maranhão sair do Brasil para viver no exílio, onde morreu tempos depois”, recorda Ciro.
Além de reunir várias histórias, para ajudar a contextualizar as estratégicas adotadas de parte a parte durante a campanha, Ciro Pedroza também destaca pontos decisivos para o resultado da eleição.
Atualidade
O pesquisador aplicou em seu estudo sobre a eleição de 1960 o modelo teórico desenhado por Gaudêncio Torquato, que estrutura uma campanha moderna em quatro pilares: articulação política, pesquisa, comunicação e mobilização.
“Hoje é praticamente impossível se fazer uma campanha sem esses quatro elementos, que foram utilizados de forma pioneira naquela campanha de Aluízio”, avalia Ciro Pedroza.
Para ele, a campanha de 60 estabeleceu um novo modelo para se fazer campanha, “que continua atualíssimo e, desde então, vem sendo copiado e replicada a cada eleição de forma intuitiva”.
G1RN